domingo, 10 de janeiro de 2010

em resposta a proibir os despedimentos / solidariedade com os despedidos


Olá Jaime:
 
Tudo bem? Já estive a ver o blogue e concordo plenamente.
Só acho que falta uma coisa muito importante. Não se pode culpar a igreja católica, que tem fornecido toda a ajuda que pode, sem pedir nada em troca e sem sequer tentar evangelizar ninguém. Tenho acompanhado as notícias na Rádio Renascença e de facto as pessoas estão muito revoltadas, de tal forma que nem querem ouvir falar em religião. Só vão lá mesmo para pedir comida e roupas.
 Ainda no outro dia ouvi numa entrevista de rua, a um pobre desempregado, na altura do Natal e confesso que até chorei. O pobre homem de cerca de uns 60 anos, dizia assim: eu estou desempregado e não tenho dinheiro e nem comida, mas paciência, não tenho comida, não como, mas roubar é que eu não vou. Prefiro passar fome.
E o homem dizia isto com uma nota de tristeza na voz, que se via mesmo que estava a reprimir o choro. Isto eu ouvi mesmo, não foi invenção nem publicidade. Outro relato de um voluntário das conferências vicentinas, ouviu uma criança de 9 anos e pedir: senhor por favor, dê-me leite. Não sei qual é a tua reacção a isto, mas palavra que a mim não me deixou indiferente! Fiquei triste e chocado. São portugueses a passar fome e como sabes, já vi aqui em Queluz, pessoas a procurar comida nos caixotes do lixo. E não foi só uma vez, foram muitas. Aliás, eu já te tinha contado isso lá no café como te deves lembrar.
É a social democracia e o socialismo de miséria nas ruas... Os dois ismos de mãos dadas, o tal bloco central, sempre os mesmos.
E quando penso no dinheiro todo que o governo gasta em fraudes como o magalhães ou as novas oportunidades... isso sim, uma fraude gigantesca a nível nacional, ainda mais revoltado fico.
Há milhares de professores neste país, que todos os dias fazem e ganham horas extraordinárias, recebem um bom dinheiro para «leccionarem» matérias ridículas nas novas oportunidades, inventadas à pressa por pessoas ignorantes e iletradas do ministério da educação, (que mais parece o ministério da propaganda), que fazem enunciados mal elaborados e sem lógica nem sentido, com uma linguagem, que se nota logo, se destaca por uma dialéctica maniqueísta. Trabalhos esses em que os alunos se limitam a copiar textos da wikipedia através da internet e a colar num trabalho que imprimem na escola, em português do brasil e assim fazem o 12º ano. A maioria deles, nem sabe escrever ou falar em português correcto, como tu bem sabes.
Por esse motivo, basta pensar um bocado. Em quem é que as pessoas votaram e continuam a votar? Sempre nos mesmos do bloco central, por sinal todos da tão apregoada social democracia ou socialistas claro...
Os resultados falam por si. Até nem a constituição respeitam, como tu bem sabes. Apenas para defender uma promessa eleitoral, a mesma lógica de cumprir uma promessa, não existiu quando se tratou de aumentar os impostos. E isso sim, o aumento exagerado dos impostos foi e é uma das maiores causas do desemprego e da miséria no nosso país. Isso, e um fisco que faz extorsão fiscal e penhoras a quem não sabe e não se pode defender. Até mesmo porque as leis fiscais mudam todos os meses, e nem os funcionários das finanças conhecem bem essas leis e todas as alterações.
Quando o mesmo estado que assim procede, não paga a tempo e horas, não paga os juros devidos pelas demoras, contrata funcionários com recibos verdes, fomenta e facilita o outsourcing e a precariedade de emprego. Contrata, obriga a prestar serviço público nas repartições públicas, desempregados apenas porque os ameaça de se não o fizerem, perdem o subsídio. Ou seja o estado também já faz chantagem!!!
Oh mores, oh temporal!
Mas esses, nem se podem criticar, é proibido e ainda és processado...  Já para não falar da polícia do pensamento, do politicamente correcto. Os órgãos de comunicação social até te dizem o que deves pensar e se não pensares assim, não é politicamente correcto.
Será que ainda alguém se lembra de ter lido 1984, ou O triunfo do porcos, de George Orwell?
Antigamente o estado era considerado pessoa de bem, agora quem tal afirmar está a mentir.
Tudo isto para chegar a este ponto importante. A acção de ajuda e fornecimento de alimentos das paróquias a pessoas necessitadas, é um facto inegável. E se há tempos atrás passava despercebida, porque era pouco solicitada, agora não consegue passar sem ser notada. Apenas por ser muito solicitada e como tu bem sabes, são muitas vezes os mais pobres que dão mais.
Uma boa ideia, além de contestares estas políticas no teu blogue, era dar de facto uma ajuda, mesmo que pequena, a estas instituições da igreja, para poderem dar ajuda a quem mais precisa dela.
E senão vejamos uma coisa, actualmente 20% dos portugueses são pobres, pasme-se 20% da população num país dito da Comunidade Europeia. A Grécia, já está na banca routa e à beira de uma guerra civil. Em Paris, cidade das luzes, à noite, se sais do centro da cidade e e vais aos bairros afastados do centro apenas alguns quarteirões, não vês gendarmes nas ruas, vês soldados do exército francês a patrulhar os arredores da cidade, todos de metralhadora na mão. E viva a europa da escravatura e miséria, do desemprego em massa, para se poderem baixar os ordenados. Claro que isto é uma política concertada. Só não vê quem não quer ver.
Como tu bem sabes, eu estou com dificuldades e mesmo assim, sempre que posso, dou o meu pequeno contributo com algumas moedas de euro, para o jornal O Gaiato. E ainda dou pouco, sei que podia dar mais. Porque felizmente, não me falta comida em casa e tenho roupa e um tecto. Agora como tu bem sabes, muita gente nem tem casa, nem emprego e nem comida e recorre à família e aos amigos e a quem puder ajudar.
Se queremos de facto ajudar os nossos compatriotas, ajudar os portugueses, temos de dar uma ajuda efectiva, em dinheiro ou géneros, para alguma instituição que depois dê uma ajuda efectiva a quem mais precisa dessa ajuda.
Isso sim, seria uma campanha séria, palavras acompanhadas de gestos, a indicar uma acção concreta e coerente de ajuda a quem precisa. Não me consta que tenha havido algum escândalo nos meios de comunicação social, acerca da tal dita «caridadezinha» e também conheci algumas pessoas das Conferências de S. Vicente de Paula, e são pessoas que tu nem sabes que se dedicam a essa actividade. São pessoas humildes, simplesmente porque ninguém os vê ajudar. Só quem eles ajudam os conhece. Só visitam e ajudam quem de facto precisa e sem fazerem publicidade. E nisto, eu estou à vontade para falar, porque conheço bem.
Se alguém quiser ajudar, nesta altura e agora é tem uma oportunidade. Dando um contributo real, mesmo que pequeno, em dinheiro ou géneros, para as instituições que prestam ajuda a quem mais precisa. E sem discutir ou acusar ninguém, porque os políticos, já sabemos que falam muito, fazem conferências e estudos, depois anunciam em grandes parangonas que vão ajudar e fica tudo no papel.
Fazem uma grande vista, publicidade mas continuam ser só eles e receber. Acho que embora o anti-clericalismo em Portugal já seja uma tradição, as pessoas têm de começar a informarem-se bem, acerca do trabalho e das obras da igreja católica portuguesa, antes de criticarem. Recebo todos os 15 dias o jornal O Gaiato, do qual sou assinante desde os meus 12 anos, de quando andava no colégio dos maristas. E só te digo uma coisa, sempre que posso, ajudo-os e envio algum dinheiro. Embora seja pouco, eles vivem disso e do trabalho que fazem nas casas do Gaiato, espalhadas pelo país, e em Angola, Guiné e Moçambique. Já agora mais uma achega: a única coisa que eles exigem para ter a assinatura do jornal O Gaiato, é mesmo e só ler o jornal... Posso mostrar-te o último jornal, para poderes confirmar.
E se pelo menos mais algumas pessoas dessem um pequeno contributo, ainda se tiravam mais crianças da rua, para serem educadas e alimentadas, que muitas continuam ao abandono. Por isso amigo Jaime, vamos continuar a falar sim, mas principalmente a acompanhar as críticas de alguma ajuda. Muitos portugueses precisam muito de ajuda para matar a fome, e precisam de roupas, mesmo usadas, desde que estejam em bom estado. Mesmo eu estou numa situação que não sei se um dia destes, também não irei passar por uma situação de fome e necessidades. A roda da vida, como sabes, dá muitas voltas.
 
Um abraço,
Diogo
 
 
P.S:
Olá Jaime:
 
Claro que podes publicar este meu texto, até te agradeço. O estado é que tem a obrigaçao de ajudar. E na realidade, a igreja é que está a ajudar, a verdade é essa e ninguém o pode negar.
 
Um abraço,
Diogo

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